domingo, 8 de agosto de 2010

Ladrões

Lendo a escola literária barroca do Brasil, achei interessante esse texto do Padre Antônio Vieira.Apesar de ter sido escrito há muito tempo,condiz com o contexto atual.É uma escrita conceptista,pois,há um jogo de palavras,conceitos , ideias e muita pausa.Exige do leitor bastante atenção para a compreenção.

"Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia,e como fosse trazido á sua presença um pirata,que por ali andava roubando os pescadores,repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício;porém ele,que não era medroso nem lerdo ,respodeu assim:Basta,senhor,que eu,porque roubo em uma barca,sou ladrão,e vós,porque roubais em uma armada,sois imperador?Assim é.O roubar pouco é culpa,o roubar muito é grandeza;o roubar com pouco poder faz os piratas,o roubar com muito,os Alexandres(...) O ladrão que furta para comer,não vai nem leva ao inferno;os que não só vão,mas levam,de que eu trato,são outros ladrões de maior calibre e de mais alta esfera,os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento distingue muito bem São Basílio Magno.Não só são ladrões,diz o santo,os que cortam bolsas.ou espreitam os que se vão banhar para lhes colher a roupa;os ladrões que mais merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das províncias,ou a administração das cidade,os guais já com manha ,já com força roubam um homem ,estes roubam cidades e reino;os outros furtam debaixo do seu risco,estes, sem temor nem perigo;os outros se furtam,são enforcados,estes furtam e enforcam.Diógenes,que tudo via com mais aguda vista que os outros homens,viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões,e começou a bradar:Lá vão os ladrões grandes a enforcar os peguenos !Ditosa Grécia que tinha tal pregador!E mais ditosas as outras nações,se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas.Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter roubado um carneiro;e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul,ou ditador,por ter roubado uma província.E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes?"

VIEIRA,Antonio,Trechos escolhidos.
Rio de Janeiro.1971.

sábado, 7 de agosto de 2010

Artigo IV - Utopia

Começo esse artigo definindo o que é utopia. Segundo meu mini-dicionário,significa ideal, plano,desejo impossível de realizar.
Tenho um amigo vendedor que percorre várias cidades do Piauí quase toda semana.São várias mercadorias entregues nessas cidades com as devidas recomendações exigidas pela receita tributária federal, estadual,municipal,ou seja,debaixo de uma fiscalização ferrenha.Nessa situação vejo-o como um cidadão que cumpre seus deveres pagando seus impostos em dia e gerando emprego e renda. Honestamente recheiando os cofres públicos.
Me disse: "Cláudio,é brincadeira o que se vê por ai,as cidades parecem esquecidas pelas auroridades,as estradas é só buraqueira.Estive ontem em São Raimundo Nonato e o que vi me indignou,num espaço de quinze a quinze minutos pousava um jatinho.E o povo vibrando.Êta povo sem esclarecimento político!.Sabe quem era? O ex-governador com sua esposa,o atual com sua esposa,candidatos a deputado federal e estadual com suas comitivas.Eram quatro jatinhos.E eu em dias com minhas notas fiscais e taxas rodoviárias,diga-se de passagem as mais caras da federação,vê se pode,num estado considerado um dos mais pobres do país.É meu amigo,eles estão transitando por cima usando as verbas destinadas às estradas, e gente aqui por baixo se desviando dos buracos.Não seria melhor se todos fossem iguais, e o poder centrado numa forma de governo onde a democracia seria realmente democrática?.Afinal, que democracia é essa em que vivemos? "Do povo para o povo" ou "Do povo para o bolso?"
Segundo Platão,filósofo grego do secúlo VI a.C,em sua obra utópica "A REPÚBLICA"o governo deve administrar os bens do estado mediante leis justas e pertinentes para que a sociedade cresça em harmonia e paz,e para isso,é necessário constituir e manter um grupo de defensores do estado e do povo.E nós o que achamos de nossos defensores?
Em sua obra, Platão se delonga em analizar as qualidades físicas,morais e intelectuais dos cidadãos, do governo,e da defesa de um país.Critica vícios existentes nas sociedades e nos governos da época.Ele mesmo reconhece que sua "República" é utópica mesmo,que provavelmente jamais haveria de ser implantada em lugar nenhum do mundo.
Enganou-se como nós estamos nos enganando.

" Os rios são caminhos que seguem e que levam para onde se quiser ir"

" Aqueles que constroem antíteses forçando as palavras são como aqueles que constroem janelas falsas para manter a simetria:Sua regra não é a de falar com justeza,mas fazer figuras justas."

Tá ai dois pensamentos de Blaise Pascal.Filósofo,matemático,cientista,físico,escritor e poeta francês.